domingo, 9 de junho de 2013

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO


Situação de aprendizagem: texto “Meu primeiro beijo”, Antonio Barreto


Foco: 8º ano
1º momento:
1-      Antecipação: diálogo, perguntas e reflexões sobre o título do texto, com os alunos.
2-      Leitura do texto (informações localizadas pelo professor e alunos), seleção de palavras a fim de localizar seus significados.
3-      Questões de interpretação do sentido do texto. Desenvolver aspectos da figura de linguagem e vícios de linguagem, usando a crônica como base.
4-      Reconhecimento do autor, seus diversos gêneros textuais e características. Contexto de produção da crônica em questão.
5-      Desenvolver atividade com música, poema e texto narrativo envolvendo o tema “primeiro beijo”, trabalhando a intertextualidade e interdiscursividade.
Recursos:

 música: “Um primeiro beijo”, de Paula Toller

Um primeiro beijo
Se acontecesse
Se a gente se encontrasse
Como ia ser?
Como saber?
Antes de nos conhecer
Quiçá beijar
Pensar em beijo
Pra confessar
Nem ao menos sei seu nome
Eu nem ao menos sei seu nome
Mas foi só um sonho
Sem o lado avesso
De outros primeiros beijos
Foi tão romântico
Nós nos beijando no espelho
Nós nos beijando
Foi tão romântico
De outros primeiros beijos
Sem o avesso
Mas foi só um sonho
Eu nem ao menos sei seu nome
Nem ao menos sei seu nome
Pra confessar
Pensar em beijo
Quiçá beijar
Antes de nos conhecer
Como saber?
Como ia ser?
Se a gente se encontrasse
Se acontecesse
Um primeiro beijo


poema:
Poema retirado do Conto “O Primeiro Beijo”, de Clarice Lispector

“ Os dois murmuravam, conversavam. Tontos!

Era o amor...
A brisa fresca entra pelos cabelos longos finos, bate no rosto;
Apenas sentir, quieto, sem pensar...

A sede começara, a garganta seca;
Na boca ardente, engulia-a lentamente...
Era morna, não tirava a sede
Que lhe tomava o corpo inteiro.

Sufocava, talvez minutos, apenas,
Sua sede era de anos...

O instinto animal, a curva...
Entre arbustos e de olhos fechados, entreabriu os olhos
E colocou a boca, colada, ferozmente no orifício:
Jorrava...

Desceu, escorrendo pelo peito até a barriga,
A vida havia jorrado.
Olhou-a nua.
Estava de pé, sozinho, coração batendo fundo...

A vida era outra, era nova,
O encheu de susto e também de orgulho;
Ele se tornara homem”.


narrativa: “ O primeiro beijo”, de Clarice Lispector.

“O primeiro beijo
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher.
- Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.
Ele a havia beijado.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem.”

6-      Elaboração do aluno relativa a valores preventivos: produção de uma campanha para prevenir a transmissão de alguns vírus e bactérias adquiridos através do beijo.

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