domingo, 1 de setembro de 2013

ÚLTIMA PARTE

A última parte do livro, “O papel do mediador”, trata da importância de sujeitos que aproximem o leitor dos textos, “contaminando” as outras
pessoas com a paixão pela leitura. Petit lembra que o mediador pode ser um
professor, um bibliotecário, um livreiro, um assistente social, um amigo, enfim,
alguém com quem um dia nos deparamos, alguém que se propõe a construir
pontes entre leitor e textos. O papel do bibliotecário foi destacado por muitos
dos jovens participantes da pesquisa, os quais apontam que esse profissional
deve ter como foco não só os livros, mas principalmente as pessoas.
Para os que argumentam que a leitura deve ser um ato totalmente
autônomo, livre de interferências, Petit lembra que, às vezes, é preciso apoiar
a escolha de livros e ajudar certos leitores a superar dificuldades, como por
exemplo, passar da seção juvenil à de adultos, a outras estantes, a outros tipos
de leitura, a uma outra biblioteca etc. Quanto à escolha e à indicação de
obras, lembra que é perigoso oferecer, apenas, aos jovens o que eles desejam, deixando de lado obras clássicas que poderiam ampliar seus horizontes,
o que contribui com a segregação que reserva as obras canônicas e mais densas para leitores privilegiados. Outro ponto levantado por Petit é em relação às
listas de leitura. Na opinião da autora, o mediador “[...] deveria poder dar, a
cada leitor, uma oportunidade de encontros singulares com textos que possam
lhe dizer algo em particular.” (p. 184). Apesar de ter em mente que, em muitos
contextos, o mediador pode se sentir impotente ao se deparar com grandes
obstáculos, Petit lembra que o bibliotecário ou um professor podem transformar
a vida de jovens que até então só tinham como perspectiva um mundo de desigualdade e violência.
Assim, a obra Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva, de Michèle
Petit, é de fundamental importância para aqueles que desejam compreender
o papel da leitura no processo de constituição do sujeito, contribuindo para a
formação de estudantes de graduação e pós-graduação, professores, bibliotecários entre outros. Partindo de entrevistas com jovens oriundos de contextos
marginalizados, Petit mostra que a literatura é uma das bases para a formação
humana e para a construção de uma sociedade mais justa. Afinal, é através
da integração com o nosso mundo interior que podemos nos relacionar de
maneira mais ética, solidária e crítica com o mundo exterior, assumindo, assim,
uma postura mais ativa na construção de nossa própria histór

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