domingo, 9 de junho de 2013

LEITURA E ESCRITA



Situação de Aprendizagem


Situação de Aprendizagem – leitura
Meu primeiro beijo – Antonio Barreto
Objetivo: Criar situação de leitura para que o aluno reconheça o texto como uma narrativa e sinta-se estimulado a ler a obra toda como forma de fruição para a criação de hábito de leitura. (Definição de finalidades e metas da atividade de leitura)
Sondagem
Antes da leitura
1.      Ativação do conhecimento prévio
Mostrar o livro - Balada do primeiro amor – e iniciar uma conversa para tratar de algumas questões sobre os elementos paratextuais: capa (imagem, título, autor, ilustrador, etc), orelha, quarta capa.
·        Observe a imagem da capa do livro:
o   O título do livro traz a palavra “balada”. O que você entende por esta palavra?
o   A história é contada numa narrativa longa, chamada romance. Você já leu um romance? Qual? O que é um romance?
http://seborioclaro.com/product_images/n/309/img721__02439_zoom.jpg 
2.      Recuperação do contexto de produção – Apresentar elementos que compõem o contexto de produção do texto:
·        autor, lugar social que ocupa,
·        esfera social em que o texto circula,
·        veículo em que é divulgado,
·        momento histórico em que foi produzido,
·        intenções comunicativas do autor,
·        leitores presumidos.

Assim, o professor pode conversar sobre o seguinte:
·        O texto que vamos ler está no livro de autoria de Antonio Barreto. Alguém já ouviu falar desse autor ou já leu algo escrito por ele?
·        A quem vocês pensam que um romance com esse título se dirige?
·        Onde um livro como esse pode ser encontrado?
·        Para que você acha que alguém escreve sobre esse assunto?

Caso não haja respostas da turma, o professor deve auxiliar nesse momento, ampliando o conhecimento de mundo dos alunos. Ao final, em anexo, há algumas informações que poderão contribuir nesse momento.

3.     Antecipação ou predição
O texto que vamos ler foi extraído do livro Balada do primeiro amor. Trata-se de um capítulo intitulado Meu primeiro beijo.
·        Quem aqui na sala poderia ser o personagem que já deu o primeiro beijo?
·        Onde vocês imaginam que ele aconteceu? Com quem?
·        Qual será o assunto tratado no romance?
·        Quem são os possíveis personagens? Como eles são?

Para a realização dessa etapa que antecede a leitura, sugiro que o professor organize uma roda de conversa.
Abrindo parênteses, lembro que a roda de conversa é metodologia que pode ser utilizada nos processos de leitura e participação coletiva para a discussão de um tema, por meio de situações de aprendizagem em que o diálogo é priorizado, favorecendo ao aluno o desenvolvimento das habilidades de fala e de escuta. Para o êxito da atividade, o professor precisa atuar como mediador para conduzir a fala dos participantes por meio de roteiro de perguntas previamente elaboradas sobre o assunto a ser tratado. Conforme as respostas e comentários forem sendo oferecidos, o professor pode propor o registro coletivo para que as informações sejam retomadas para consulta futuras. Para melhor realizar esta etapa, sugiro ao professor que disponha as carteiras da sala de aula em círculo, de modo que todos os participantes da atividade possam se ver e ouvir uns aos outros.”

Durante a leitura
4.      Checagem de hipóteses – Esse é o momento em que pode acontecer a leitura colaborativa, a partir da qual o professor pode fazer perguntas que auxiliem os alunos nas descobertas de “pistas”
Assim, ao realizar a leitura do primeiro parágrafo, pode perguntar, por exemplo:
·        - Quem está contando sobre o seu primeiro beijo? Ele ou ela?
·        - Esta pessoa está contando para quem?
·        - Com quem vocês acham que foi o primeiro beijo?

5.      Localização de informações – Aqui o professor pode solicitar que, durante a leitura, os alunos utilizem “procedimentos tais como sublinhar, copiar, iluminar informações relevantes para buscar passagens essenciais e abandonar informações periféricas”.
Desse modo, é possível que aos alunos localizem:
·        as palavras e expressões que:
o        marcam a progressão temporal nessa narrativa;
o        pertencem à esfera científica;
o        indicam a pessoa que conta a história.
·        as falas da personagem.

6.      Produção de inferências – Considerando o contexto do texto, os alunos podem ser orientados a:
·        deduzir o sentido de uma palavra/expressão desconhecida (bactéria falante, perdigotos, glicose do meu metabolismo),
·         relacionar expressões sinônimas ou equivalentes (Cultura Inútil, Culta, Parcelso, bactéria falante: referem-se ao personagem a fim de nomeá-lo)
·        compreender termos que retomam ou antecipam informações (E foi assim...)

Depois da leitura
7.                Generalizações – A fim de desenvolver a capacidade de síntese, após a leitura, o professor poderá simular uma situação a partir da qual os alunos vão contar a história numa conversa com um grupo de colegas, na praça, a fim de falar sobre o primeiro beijo.
8.                Comparação de informações – Após a leitura, o professor pode propor aos alunos que compararem, por exemplo, o bilhete do texto com as mensagens que eles utilizam no cotidiano (torpedo, e-mail, scrap, facebook) ou, ainda, com cartas e declarações de amor em outras narrativas literárias e até mesmo de seus familiares. Assim, será possível favorecer a percepção de relações de intertextualidade ou até mesmo de interdiscursividade.
9.                Percepção das relações de intertextualidade/interdiscursividade – A fim de desenvolver essa capacidade, o professor pode criar condições para um diálogo com a classe a fim de ensinar o leitor a estabelecer relações entre o que está lendo e o que já conhece (livro, filme, música, HQ), sobre o mesmo tema da narrativa lida. Assim, o aluno tem condições de iniciar um diálogo com o texto, por meio de comentários e perguntas que o professor pode fazer, por exemplo, lembrando-lhe de conteúdos presentes em outros textos relacionados ao que está lendo.
Como sugestão, indicamos a exibição de um trecho do filme Meu primeiro amor, com acesso no link http://www.youtube.com/watch?v=A9MtEoSNzH4

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFHbSp9lBlccmWjhUIpMdT8ohQO1d_4CyAWVj_1g1Qe1cQyBi6JL0ViG4BdWI1JOJBIajY-1mYvYn9fiXnVJcN8E08S_4fPJKbqfUAIEkb03u1QQrEAUss_kKurWjy4Qs-UcgzWo1RjHZL/s1600/My-Girl-my-girl-movies-30913723-1280-720.jpg













Anexo
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Antonio Barreto (Antonio de Pádua Barreto Carvalho) nasceu em Passos (MG) em 13 de junho de 1954. Reside em Belo Horizonte desde 1973. Morou também em algumas cidades do Oriente Médio, onde trabalhou como projetista de Engenharia Civil, na construção de estradas, pontes e ferrovias. Tem vários prêmios nacionais e internacionais de literatura, para obras inéditas e publicadas, nos gêneros: poesia, conto, romance e literatura infanto-juvenil. Participa também de várias antologias nacionais e estrangeiras de poesia e contos. Foi redator do Suplemento Literário do Minas Gerais, articulista e cronista do jornal Estado de Minas e da revista “Morada” (BH). Colabora com textos críticos, poemas e artigos de opinião para “El Clarín” (Buenos Aires), “Ror” (Barcelona); “Zidcht” (Frankfurt), “Somam” (Bruxelas); ” : e outros periódicos. Disponível em: <http://www.palavrarte.com/equipe/equipe_antbarreto.htm> Acesso em 23 de bril de 2013.
Disponível em: <http://armacaodepera.blogspot.com.br/2008_10_01_archive.html> Acesso em: 28 de abril de 2013.

 

 


¹AULA DE BEIJOLOGIA

(por onde o mundo começa)

 

Antonio Barreto

Beijo também é ciência. Precisa de aprendizado. Aliás, hoje em dia, o que é que não necessita de aprendizado, diploma, especialização?
Antigamente é que havia um negócio chamado instinto. Instintivamente a gente – os neófitos apaixonados – saía por aí tentando aprender, pelo instinto, alguma coisa da vida e do mundo que nos cercava. A palavra sexo, por exemplo, era um mistério insondável. Pai e mãe não tocavam no assunto. Destarte, restava perguntar alguma coisa aos amigos mais experientes: “Como é que a gente se aproxima de uma menina? Como é que a gente se declara a ela? Como é que a gente pega na mão dela? E o beijo? Como? Quando? Onde?”
Quase ninguém sabia responder. Aí, vinha o instinto. Era o instinto que, de repente, telefonava ou mandava um torpedo, um e-mail pro cérebro e pro coração da gente... E fosse o que Deus quisesse. E como era boa a descoberta!
Hoje, como já disse, se aprende isso na maior facilidade: inclusive como beijar pela primeira vez. Tanto que dia desses, num corredor de escola – onde eu acabara de proferir uma chatíssima palestra sobre “O Fim do Mundo”... ops! – ouvi esse papo entre duas amiguinhas. Um verdadeiro Manual de Beijologia. E agora acho que, sinceramente, é por aí que o mundo começa... Vejam:
            - Nunca beije sem vontade, Lu. Primeiro, você tem que estar muuiiiinto a fim, entendeu?
            - Ãrrãaaa...
- Sem essa de querer saber quem beija e quem é beijado. O que importa é a vontade, o clima, sacou? Depois do beijo, quem vai lembrar?
- Ãrrãaaa...
- Se o carinha estiver muito tímido, deixa a coisa rolar, sem forçar a barra, certo? Tentem os beijinhos no rosto, na mão, na ponta do nariz, um roçar de lábios... Não precisa começar logo com um “de língua”, tá?
- Hummm... sinistro.
            - Não exagera no batom. A Rê já me contou: todo carinha detesta sair maquiado de uma sessão de beijos.
            - Ocá...
Aí ela pegou um espelhinho na mochila, passou batom e perguntou:
            - Assim tá bom?
            - Tá ótimo. No ponto.
            Beijou o espelho.
            - Ai, meus sais! Deixa pra treinar com o Renatinho, Lu!
            - Tá bom. Que mais?
- Não fique “geladeira” não, viu? O carinha tá a fim de beijar é você e não uma boneca de pano.
            - Ocá.
- Não fale demais. Pode cortar o clima, sacou?
            - Saquei...
- Confira se o seu hálito tá legal. Mas sem encucar...
            - Maneiro. Deixa comigo.
- Feche os olhos. Do jeitinho que a gente vê no cinema. O resto, minha filha, é ir flutuando na tempestade. Depois você me conta...
            - E se não der certo, Lau?
            - Ora, ninguém nasce sabendo mesmo. E o beijo é o nosso primeiro contato pra valer com os carinhas, né? Eles também não nascem sabendo. Vai ver, o Renatinho é mestre.
            - E se eu quebrar a cara?
            - Fazer o quê, Lu? Crescer não é fácil, minha filha. E a vida não tem certificado de garantia. Pior é ficar longe das grandes emoções que ela oferece, não acha? Se você beijar a lona com o Rena, levanta e parte pra outra, pro segundoround, sacou?
            Sem querer, embevecido com a aula, eu disse:
- Saquei...
As duas meninas me olharam de alto a baixo, soltaram risinhos e foram embora corredor afora.
Com toda certeza, pensando: “Esse coroa aí deve ser analfabeto em Beijologia...”

¹ Esse texto deu origem a um dos capítulos do romance Balada do primeiro amor (Editora FTD, São Paulo).
Referências ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP, 2004.


5 comentários:

  1. Prof eu achei muito legal o que você fez
    Eu achei muito interessante !

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  2. Querida profª Luzia:
    Parabéns pela iniciativa; estou muito orgulhosa de você e do trabalho que está realizando juntamente com os alunos.
    Espaços de aprendizagem como este devem ser sempre valorizados no processo de construção do conhecimento dos educandos.
    A Equipe Gestora gostaria de parabenizá-la pelo desenvolvimento da atividade e coloca-se à disposição para ajudá-la no que for preciso.
    Um grande abraço!
    Leny Oliveira
    PC Ciclo II

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