sábado, 1 de junho de 2013

NARRATIVA

Um presente diferente
(CRÔNICA)

Romildo gostava de sua escola por causa dos amigos. Lá ia todos os dias para encontrá-los e esquecer, nas brincadeiras, um pouco da dura vida que a pobreza lhe impunha. Instrução mesmo a sua escola quase não oferecia. Quando muito, havia professores; e a estrutura física do velho prédio não oferecia um ambiente propício à reflexão, aos estudos.
Três dias antes do aniversário de Romildo, apareceu um novo garoto pela vizinhança. Ele se mudou para uma das casas bonitas da Rua do Ramalhete. Não era um daqueles arrogantes da Zona Sul. Tanto que convidou os meninos da rua, inclusive Romildo e seus amigos para jogar uma pelada na quadra da escola em que estudava.
Os meninos de berço mais humilde tiveram uma surpresa. Aquilo não era uma escola! Para eles, parecia um clube de férias. O porteiro e os outros funcionários acolheram a todos com aconchegante gentileza. A quadra, então, parecia aquelas que Romildo via na TV: limpa, bem cuidada, dava até para ver, no chão, as marcações pintadas em cores vivas.
O jogo foi o máximo! O time de Romildo não conseguiu vencer, mas pediu uma revanche, marcada para a próxima semana.
Em casa, o menino pediu permissão à sua mãe para mudar de escola, disse que isso lhe bastava como presente de aniversário. Sua mãe, entendendo do que se tratava, respondeu-lhe com um sorriso desconcertado. E foi chorar, longe das vistas do garoto.

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